segunda-feira, 28 de junho de 2010

Só e somente só



É só e somente só por teu egoismo que estás só. É só e somente só por estar nesse invólucro de razões que construisses, que estás a perecer só. Veja a dançar verter os passos da liberdade, reproduza o grito de luta de uma semente, sinta o abstrato pulsando novas ideias nessa bomba relógio que carregas no peito, atentesse a ouvir os sinais de rádio que não possuem estação e ai então uma rachadura se fará nesse invólucro de razão. Não tenho nada contra a razão nem contra os que vivem exclusivamente dela, mas me intriga profundamente a falta da sensibilidade humana, a falta daquela inquietude que não se sabe de onde vem. Não tenho nada contra os que vivem pela razão ao contrário eles me fascinam, liberam em mim o desejo de tentar compreender qual o motivo para seguir assim, como moléculas de concreto. Os apaixonados dizem que no amor não há razões, mas dizem também que o bem amado é a razão de viver, a filosofia tem a razão como base do pensamento dos filosofos que possuem a inquietude da falta de respostas. Como acreditar que se é feliz, quando não se pode provar que está feliz? Sinceramente me fascina o simples fato de acreditar na razão sem ser necessário nada que me prove que ela existe. A razão é a contemplação do mundo de uma forma minuciosa onde há ausência de um sentimento maior que a razão o amor. Pessoas que vivem só e somente só, só não conseguem ter a inquietude de amar sem simplesmente questionar o amor. Procuro sempre motivos que são maiores até que o meu pensamento, não eu não vejo razão para viver só, para viver e só, desse invólucro eu quero ver veter muito mais.

Tempestade daqui, mate a sede de lá!



A faísca alumbrada que da nuvem escapuliu, luziu tanto a madrugada, que o céu negro se abriu. A lauta chuva que desce, morreu a sede da terra. Que mata a fome da planta, que os buchos todos enterram.

Quem derá chovesse assim, cum força no pé da cerca. Que segrega a terra dura dos montes de palma seca, onde mora o desadorno de um povo encalombado, que a muito tempo goza de ficar desacordado sem temer que noutro dia a sede mate seu gado.

E os pingos d'água que escorre pelas paredes de vento, presta-se curativo, curasse esse sofrimento, das feridas e fissuras onde é seco o firmamento.

Quem derá chovesse assim encharcasse o umbuzeiro, tampasse d'água os espinhos dos galhos de juazeiro, embebesse as trincheiras do chão doente, rachado.Quem derá que nascesse um ramo verde no rubro solo calado, que farta fosse a colheita do lugar mais judiado dos quais eu tenho passado...Lá, bem longe da praia...



Texto de : "Allan.J.Mariano"

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Sem Glórias e Sem Cores. O Espetáculo vai começar...




O sorriso de tinta em sua face, pinta infância nos olhos da pláteia. E a gota que escorre do teu olho é uma dose de pura panáceia.


Tua vida rumou-se em corda bamba e o teu ato é de fato o trapézismo. Mas não perca a esperança na cartola, nem se atire na lona do abismo.


Olhe a dança verter-se na canção, malabares de flores girassóis, sóis que giram no teto azul anil. Picadeiros de luz feito lencóis que te levam com a força de um rio.


Alquimia que encanta e desafia esse mundo blindado de razão. Faz brotar do espanto a alegria de deixar iludir-se pela magia e planar sobre nuvens de condão.


Onde podes tocar o abstrato. E a tristeza pintou-se em cor de riso onde a arte firmou sua morada e fincou sua bandeira sobre o piso é que eu digo senhoras e senhores:

Nessa vida sonhar ainda é preciso!
"Texto de: Allan.J.Mariano"

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Janelas em Cena




Eu tenho olhado o cotidiano através de janelas, da janela do meu quarto, da janela do carro, da janela do ónibus, da janela do computador, mas antes de todas essas visões tenho olhado da janela dos meus olhos e estou plenamente encantada com a metódica vida que passa diante deles. Desde a minha infância minhas janelas tem acompanhado coisas e situações distintas em tempos distintos, e tenho me perguntado se o tempo fosse outro os acontecimentos seriam os mesmos? É pode ser que sim. Bem prefiro continuar com na posição de não querer mudar o tempo, minhas janelas já estiveram fechadas e meus pensamentos a transformaram em tela de exibição. Sim, a vida não tem cortes, não existem edições ou reparos de cenas o que existe são otimos efeitos de cena e belos cenários, uma música no momento do encontro, uma chuva no momento de solidão, um banco em frente a um lago no momento de reflexão, pessoas em um terminal na sua rotina diária, sem incluir a boa actuação dos actores lógico. As cenas das nossas vidas só podem ser bloqueadas por nós mesmos, as cenas que me desagradam sinceramente me servem de estudo pra um próximo roteiro, as que me agradam logicamente estaram incluídas nas próximas películas... O ser humano em si não se atem as coisas simples mas grandiosas, costuma ser relapso naquilo que não está no centro da cena, nós seres humanos temos a incrível capacidade de menosprezar o que satisfaz as nossas janelas e embelezam a alma. Os coadjuvantes exercem um papel único, o de completar a cena e nos dar respaudos para sabermos qual o sentido proposto pelo diretor, a mão que escreve o roteiro custeia observando o cotidiano através das janelas, mas não se prende nem à folha nem à janela ele apenas reinventa tudo o que vê através dela. Cada detalhe é um sopro Divino e os olhos só atentam para o que é visível em grande escala ao invés de visualizarem o que só se pode ver com a alma.

sábado, 12 de junho de 2010

Temporário


Sentimento é coisa linda de momento, que como o vento sopra lento,


mas quando volta é turbulento...


Turbulento, turbilhão de água brotando de dentro do mandacaru,


plantado na roça do meu pensamento, sentimento.


É a fonte espinhosa que traz vida pro sertão, é monte rosa caída no chão,


tingindo em vermelho a dor da erosão.


É o rio temporário que mantém o chão rachado quando o céu não chora em vão.


É a chuva, é o sol em trânsito lento, é agente sem cinto sumindo no asfalto cinzento.


É meu gato na lua cheia, é o ciclo da terra e cheiro da flor que brota na veia.


Sentimento.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Choveu, fui ver chover...



Choveu, fui ver chover...
Ver o céu cuspir no asfalto toda raiva, do dióxido, monóxido, paradoxo progresso.
Que só vive no regresso de inventar mundo em concreto. Fui, fui ver chover e de repente estava lendo silaba por silaba que cada pingo na minha roupa respingava, reclamava e se fartava por me deixar encharcada. Ai eu não estava mais vendo, já estava lendo todo o paradoxo do progresso que havia me deixado extasiada em não poder fazer mais nada por estar com a roupa molhada.

Sinceramente? Estava sozinha, sem pressa e sem medo da chuva. Fui ver chover e foi o melhor banho de chuva que tomei! Quando poderei tomar outro banho desse sem que o paradoxo progresso me adoeça? Choveu, fui ver chover...

terça-feira, 8 de junho de 2010

Peçonha da Rosa





Doçe peçonha que invade a alma e tira a calma, devora os sentidos, desassossega as águas.

Menina zangada essa peçonha danada, só anda olhando pro nada, nem para pra ver a estrada.

Vive bolando que nem risada entalada e sente que o tempo nunca lhe dará bofetadas.

Á criança mimada, acha que tem muito tempo antes do fim do tempo?

Mal sabe ela que na ampulheta, tempo, grão e vento se tornam a mesma coisa, particulas presas no vidro de peçonha acesa.

Menina teimosa, só lhe peço impaciosamente que aceite a rosa e deixe essa peçonha de prosa.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Refrão




Sempre nos questionamos mesmo que espontaneamente o que será do nosso dia amanhã.
E pensando bem cheguei a uma conclusão: Todo dia tem um refrão.

Um pedaço de um único conteúdo, que junto a todos os outros que já temos formam uma canção.

Todo dia a mesma canção te dá um novo refrão,
Todo dia posso sorrir ao ouvir o novo refrão ou não,
Todo dia ainda que eu não sorria nesse dia de refrão,
Um novo refrão mudará a antiga canção.